segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Povo que lavas no rio

De Pedro Homem de Mello

Povo que lavas no rio
E talhas com o teu machado
As tábuas do meu caixão.

Pode haver quem te defenda
Quem compre o teu chão sagrado
Mas a tua vida não.

Fui ter à mesa redonda
Bebi em malga que me esconde
O beijo de mão em mão.

Era o vinho que me deste
A água pura, fruto agreste
Mas a tua vida não.

Aromas de urze e de lama
Dormi com eles na cama
Tive a mesma condição.

Povo, povo, eu te pertenço
Deste-me alturas de incenso,
Mas a tua vida não.

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