sábado, 2 de fevereiro de 2008

Evasiva

Seu casamento acabou. O fato revolveu lugares desconhecidos.
Certa vez, um amigo contando sobre sua separação, comparou-a à morte. Hoje entendeu. Não a morte física pela dor ou coisa assim, mas aquilo que projetou um dia sobre si morreu no rompimento. Está hoje imbuída pelo dever de se redescobrir, quando nem tinha se encontrado.
É menino.
Menino adolescente à procura de qualquer coisa que faça sentido. Não quer nada que signifique dever, mas é dele que corre atrás. Em algum momento assassinou sua inocência e continua a pessoa mais besta que conhece. Procura a trepada mais foda, como se isso resolvesse todas as lacunas. Bebe até de manhã, mas nem faz amor até mais tarde. É aquele saquinho de chantili de confeito esvaziado, comprimido, que se joga fora. Está vazia e enrugada. Não por amor. Pela falta de amar.
É cristã por educação, hinduísta por desejo, mundana por existência.
Um dia passa, lhe contaram.
Cresceu com meninos, se diverte com eles, gosta deles. Não quer competir, só quer ser mais um, sendo menina. Dá risada, fala merda e não conquista. Está no samba seu consolo, no jazz o seu abrigo e seu útero é preguiçoso.
Um dia tudo isso passa.

3 comentários:

Anônimo disse...

passa sim, amor! antes do que a gente pensa.
beijosdri

Tony Tramell disse...

Passa, pode demorar, mas passa. Um dia você ainda vai rir de tudo isso.

Daniel Coutinho disse...

eu queria uma mulher assim pra poder chamar de minha...
felizmente eu posso. minha. minha prima.
tesao keka fudido...